PM foi obrigado a se ajoelhar para ser executado
(Foto: Reprodução)
O assassinato do Policial Militar Jorge Luiz Pinheiro Moreira, na tarde de ontem, teve como consequência a morte dos dois suspeitos de cometerem o crime. O PM foi morto durante um assalto no ônibus que vinha de Castanhal e o trazia para casa, em Belém. Uniformizado, ele foi facilmente identificado pelos três assaltantes que, após retirar os pertences dos outros passageiros, algemaram o policial ajoelhado, bateram nele e dispararam três tiros na cabeça.
As buscas começaram em seguida e, ainda na noite de ontem, os três suspeitos foram encontrados em um ramal da cidade. “Eles trocaram tiros com a gente, dois morreram na hora, são conhecidos como ‘Matheus’ e ‘Neguinho’ e aparentam ter entre 17 e 20 anos. Mas vamos continuar as buscas do terceiro”, relata o Cabo PM Ricardo Nunes, que comandou a operação de busca dos suspeitos.
Na noite de ontem, o corpo do Policial Militar já estava sendo velado em Belém. O clima era de desolação. Lá, apenas familiares e amigos recebidos na casa onde ele morava com a mulher e os três filhos, meninos de 7, 2 anos e 8 meses, no bairro do Icuí-Guajara. A mãe, ao lado do caixão, recebendo os abraços e confortos, chorava a saudade que o único filho já deixou.
Elen Moreira, casada com Jorge há 9 anos e meio, foi a última pessoa que falou com a vítima. “Ele me ligou, estava trabalhando no Festival do Mingau, disse que foi liberado mais cedo e queria vir logo pra casa, não voltou em Capanema onde era lotado e veio de uniforme mesmo”, relata.
Pelo medo dos riscos, Jorge não fazia isso, não andava uniformizado. “Ele nunca foi assaltado em serviço, mas eu tinha medo. Ele estava sem colete e desarmado, quando assaltaram a van. Foi só por causa do uniforme”, conta.
Enquanto Elen lembrava, algumas pessoas a abraçavam, às lágrimas corriam e podia se ouvir um pedido de ajuda. “Me ajuda”. Sobraram ela e seus três filhos. Ele tinha 30 anos, evangélico, deixou a casa lotada de “irmãos”. Mas no rosto de todos, a mesma indignação.
A viúva balbuciando algumas palavras intermediadas por silêncios doídos. A cena era dolorosa. E ela só desejava que Jorge não fosse só mais um. “Eu gostaria que ele não fosse mais um número. Queria que o Estado escutasse os pedidos deles, desse os direitos deles. Como naquela manifestação que fizeram. Nem o risco de vida eles recebem, para pessoas que arriscam a vida todos os dias. Se você vê o contracheque dele, é um salário mínimo”, desabafa.
(Diário do Pará)
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